O principio do fim do sonho americano

Começo a perceber que o romance entre a população americana e o carismático Barack Obama está a perder o seu fulgor. As mais recentes noticias sobres os inflamatórios sermões do Sr. Jeremiah Wright, pastor da igreja Trinity Unity Church frequentada por Obama há mais de 20 anos, parecem anunciar um período de ressaca após uma festa onde todos beberam demais e trazer ao de cima as tensões raciais até agora cobertas pelo manto do politicamente correcto. Talvez parte desta percepção pública deva ser atribuída aos meios de comunicação que tanto são capazes de pontificar pré vencedores como logo a seguir glorificar aqueles que tinham anunciado como perdedores, quando as suas previsões se revelam precisamente previsões e não certezas. É possível que a maré esteja a mudar; e Barack como candidato destacado tem tudo a perder.



Estará a América de preparada para um Presidente pelo menos parcialmente negro? Seria desejável que estivesse. Confrontados com uma escolha entre uma mulher e um afro-americano esta eleição é já em si histórica, com um elevado grau de qualidade no que respeita os candidatos até agora em jogo – McCain incluído. No entanto estes incidentes esfregam sal em feridas raciais profundas nos Estados Unidos; feridas de resto só possíveis num país que, apesar dos seus defeitos, celebra estes mesmos celeumas. E como há poucas coisas mais perigosas em política do que consensos, estas tensões são a prova de que a comunidade afro-americana é parte integrante e não, como alguns querem fazer transparecer, dejectos do zeitgeist político americano. Os de comentários que podem ser vistos no vídeo repousam na consciência dos crentes, que alegremente aplaudem a diarreia verbal do Sr. Wright, sendo muito complicado encontrar forças seculares com capacidade ou vontade de proferir tais barbaridades. E mesmo discordando veementemente dessas afirmações posso aproveitá-las para sustentar a minha posição original. O romance entre Barack o afro-americano e o típico americano WASP (white anglo saxon protestant) aproxima-se, pelas mais erradas razões, do fim.

'Enjoy life while you can'

já ouviram falar de James Lovelock? Pois bem, James Lovelock é um cientista inglês de renome com 88 anos de idade conhecido por ter formulado a 'hipótese de Gaia'. Este conceito basicamente propõe que tudo o que constitui a terra (vivo e não-vivo) formam um complexo sistema interactivo que funciona como um único organismo. Contudo, para além de uma mente futurista e brilhante, Lovelock é também polémico no que diz respeito à tão badalada teoria (i.e. facto!) do aquecimento global, afirmando mesmo que o aquecimento global é irreversível e que 6 biliões de pessoas irão morrer já este século!
Li esta semana um artigo seu muito interessante no 'Gurdian' sobre a sua visão catastrófica sobre este flagelo ambiental. Por considerar o referido artigo interessante para cépticos, crentes, não crentes, etc, deixo aqui algumas das suas opiniões.

Durante os anos 60 a gigante Shell, com o intuito de prever como estaria o mundo no ano 2000, requisitou os serviços de uma equipa de 'experts'. Entre eles encontrava-se Lovelock que então lhes disse que o maior problema por volta do ano 2000 seria o ambiente: "Será tão sério ao ponto de afectar-lhes o negócio", avançou o cientista inglês.

Lovelock diz ainda que por volta de 2020, tempestades devastadoras acontecerão com muita regularidade, em 2040 grande parte da Europa será um prolongamento do Sahara e que grande parte de Londres estará debaixo de água! O mais recente relatório do IPCC (Intergovernmental Panel on Climate Change) é também pessimista, mas não tão catastrófico.

A jornalista, Decca Aitkenhead, a certa altura da entrevista pergunta-lhe o que podemos fazer para pelo menos tentar evitar o cenário evocado por Lovelock. O inglês basicamente diz que tudo o que estamos a fazer (reciclagem, poupança de energia, energias renováveis, etc) é "uma piada"! James Lovelock acha que já se ultrapassou o ponto de retorno há muito tempo e que o que estamos a fazer agora só serve para nos fazer sentir melhor e menos impotentes. "A catástrofe é inevitável"!

Lovelock acha que em vez de estarmos a perder tempo em tentar contornar o aquecimento global, que se deve concentrar todas as energias em planear a sobrevivência. Como? Ele fala que a energia nuclear e o recurso a comidas sintéticas poderão ser soluções. Mesmo assim, por volta de 2100, cerca de 80% da população mundial será "exterminada"!

No fim da entrevista a jornalista pergunta-lhe o que Lovelock faria se estivesse no lugar dela. O inglês responde-lhe com um sorriso:"Enjoy life while you can. Because if you're lucky it's going to be 20 years before it hits the fan."

Assustados? 2040 mora aqui ao lado...

Separados à nascença

Há muito que me apercebi da parecença física entre Carmona Rodrigues, ex presidente da câmara de Lisboa, actualmente vereador na mesma câmara, e Augusto Santo Silva, ministro dos assuntos parlamentares. Hoje deu-me na cabeça explorar o assunto. Ora vejam lá...